Sinto-me preso por um fio fino,
perdido nos labirintos da minha idiossincrasia,
suspenso de imagens que surgem do nada
e me sacodem e castigam e inquietam,
fulminado por uma luz negra que me trespassa
até me fazer acreditar que tudo é escuro,
que tudo tresanda a sacrifício e exclusão,
que não há futuro, nem sonhos, nem projectos
que possam trazer de volta a vida que já não tenho.
A imagem do espelho mostra um corpo sem alma,
um olhar sem brilho,
um coração sem músculo, apenas máquina,
uma boca que grita um grito mudo
e mudamente se afirma calando,
enquanto as lágrimas secam na fonte
dos olhos nublados e transidos de medo.
A um passo o abismo espera...
Chama-me numa frequência infra-humana
que só eu consigo ouvir.
Caminharei sobre a corda bamba dos meus instintos...
Se a loucura me invadir, haverei de voar,
saltando do alto da minha insanidade depressiva.
Ainda que a tua mão me segure firme,
adiando o voo livre do meu desespero,
não me deixarei amarrar e encarcerar!
A minha morte física poderá vir depois,
mas, definitivamente, eu já estou muito além de mim!
Paulo César * Portugal
Em 03.Nov.2014
Imagem Google
Respostas
"Caminharei sobre a corda bamba dos meus instintos...
Se a loucura me invadir, haverei de voar,
saltando do alto da minha insanidade depressiva."
Rico de imagens poéticas, teu poema chega e subjuga a alma do leitor à sua força.
Beijossssssssss
A distância nada vem a contar
Parabéns!
beijo