Trágico ou cômico?
Foi num 24 de junho, Dia de São João.
A Direção, a Equipe Docente, a Associação de Pais e Professores do tradicional Colégio Estadual, arregaçou as mangas oferecendo o melhor de si.
As barracas de lona estavam armadas, todas firmes. Algumas no pátio interno e outras ao lado da escola. Muitas guloseimas ali seriam vendidas, típicas de Festas Juninas, como bolo de fubá, bijajica, cocada, pé de moleque, pinhão cozido, pipoca e um quentão caprichado, não muito forte. Tinha também um animado arrasta-pé.
A fogueira, muito alta, fora armada durante a semana, com lenha doada pela Prefeitura Municipal. Os alunos, no palco do salão nobre, prepararam-se para apresentar danças folclóricas como Quadrilha, Pau de Fita e A Dança do Cacumbi.
O Colégio era grande e de boa qualidade. Tinha ótimos docentes e alunos desde o Pré-escolar, Primário com Escola de Aplicação, Ginásio, Magistério e Contabilidade. Era uma equipe muito boa e dinâmica.
A Festa junina era tradicional, com objetivo de angariar fundos para o educandário, pois o governo estadual pagava os docentes, e a comunidade conservava o prédio e outras despesas.
Neste ano o inverno chegou com todo o rigor. O vento gelado doía quando batia nas orelhas descobertas e nas mãos sem luvas.
Cabelos voejavam, o vento uivava em redemoinho.
O movimento estava ótimo. Muita gente, muitas bandeirinhas coloridas enfeitavam a festa por todos os lados. Músicas tradicionais eram tocadas. Jovens aproveitavam para paquerar. Os festeiros, agasalhados e de gorro ou de cachecol, não se importavam com o frio.
Lá pelas duas da manhã, mais ou menos, estaciona um táxi em frente ao Colégio, de onde é tirado à força e repentinamente, sendo conduzido pelos braços para o meio do povo, um homem completamente nu. Do jeito que nasceu, como costumam dizer para enfatizar a situação. Ou então, pelado como um rato.
O vivente, solto em meio à multidão, não tinha sequer bolso para meter as mãos!!! Correu para perto da fogueira que ardia em chamas. Depois de tanto alvoroço, o Agente de Serviços gerais da escola fez a caridade de entregar-lhe o próprio paletó.
Perguntadas posteriormente as causas de tal situação, os que desovaram o homem nu do táxi contaram que ele estava numa suspeita casa noturna, fazendo festa sem ter dinheiro para pagar e incomodando os outros. Por isso resolveram dar-lhe uma lição.
Durante a semana, alguém comentou que quando voltava para casa, encontrou uma figura bizarra, vestida só de paletó, caminhando pela calçada, na noite gélida.
Arlete Deretti Fernandes
Comentários
Coitado do moço! O que me encanta, nos teus textos, é a deliciosa facilidade que tens de provocar a imaginação do leitor. Sinto-me no meio dessa festa toda, com os sentidos acariciados pelas cores, pelos cheiros, pelo calor da fogueira ou pelo frio que me penetra os ossos... Deliciosa leitura! Parabéns! Beijossssssssssss
Muita clareza e beleza em seu texto. Inusitado o castigo recebido pelo malandro.
Parabéns Arlete.
Muito bom seu texto!!
Parabens
Bjssss
Obrigada, Ciducha.
Queres me adicionar como tua amiga?
Beijosssss Arlete.
CLARO,VOU VER COMO FAZER ISSO RSRSRS
BJSSSSSSSSSSS
Excelente texto, obrigada obrigada por compartilhar,
Obrigada, Patrícia!
Beijossss
Arlete.
É... seria trágico se não fosse cômico rsrrs
O certo seria, terem levado o intransigente direto pra delegacia.
Mas fiquei imaginando a cena... e não deixa de ser cômica.
Adorei a leitura.
Bjsss, no coração.
Monica!
O fato aconteceu de verdade!
Foi real. Beijossss
Arlete.