Lembro-me com carinho de sua mão firme segurando minha mãozinha de criança e conduzindo-me pelo caminho das primeiras letras. Fazia-o com muito afeto, o que me fez despertar o gosto pela profissão.
Despertou-me muito cedo o prazer pela leitura. Tive contato precoce com dois autores, livros estes que guardo comigo até hoje:
Emília no País da Gramática, de Monteiro Lobato.
Aventuras No Mundo da Saúde, de Érico Veríssimo.
Matriculada na escola, fui admitida no segundo ano primário, pois já sabia ler, escrever e fazer as operações aritméticas.
Minha primeira professora, quando ainda ensinava em sua escola, o que fez durante muitos anos, fazia-o por amar a profissão e ao ser humano.
Contava-me fatos ocorridos com seus alunos, alguns emocionantes e outros cômicos.
Havia naquele tempo o Inspetor Escolar, profissional que passava de surpresa nas escolas para “examinar” os alunos em todas as disciplinas e com muito rigor .
Socorria crianças que desmaiavam de fome em sala de aula. Pedia para a outra colega cuidar de sua turma, e sendo sua casa próxima, alimentava estes alunos, voltando em seguida.
Como residíamos em região de imigrantes alemães, italianos e poloneses, algumas vezes saiam alguns trocadilhos no emprego das palavras. Certo dia uma aluna chegou chorando muito e ela perguntou:
- Por quê você chora, querida?
A aluna, soluçando respondeu:
- Porque minha sobrinha morreu.
- E de que foi que tua sobrinha morreu?
- Ela se quebrou.
-Mas, como aconteceu isto?
Foi então que outro aluno disse:
- Ela quebrou a sombrinha!
Na escola, todos os dias antes de se iniciarem as aulas, os alunos eram perfilados e cantavam o Hino Nacional Brasileiro enquanto hasteavam a bandeira.
Seu papagaio de estimação assobiava o Hino Nacional muito bem.
Passados alguns anos, seus ex-alunos quando a encontravam, agradeciam-lhe por tê-los ensinado com firmeza e competência.
Esta professora continuou a acompanhar-me por anos seguidos. Escrevia, declamava poemas e muito me estimulava, como o fez depois com seus próprios netos.
Tivemos muitas alegrias e sofrimentos juntas.
Minha gratidão a esta mestra exemplar pelas boas sementes que plantou em tantas almas.
Assim como são erigidas estátuas em reconhecimento aos heróis, a estátua à minha primeira professora está erigida em meu coração para sempre.
Esta Mestra foi minha mãe.
Comentários
Que narração linda Arlete! Alguns trechos me emocionaram, tocaram forte no meu coração. Parabéns, querida! Beijo
Como esquecer nossa primeira mestra?
Amei ler voce querida Arlete
Me emocionei...
Beijos muitossssssssssss
Linda declaração de gratidão e amor.
Lembrei-me da minha primeira professora. O nome dela era D. Maroca.
Ela também plantou em mim sementes maravilhosas no campo da escrita e leitura.
Abraços, Arlete.
Adorei a publicação..
Parabéns amiga
Emocionante! Senti saudades da minha mamãe, que foi minha professora no quarto ano primário e, sempre... por uma vida inteira! Beijosssssssssssss
Muito bom